sábado, 15 de maio de 2021

Paula Dione

 


A mulher amável saiu de casa, foi à praça. 

Sozinha.


 Entrou na botica, pediu um grama de amor, 

estava em falta.


Entrou numa livraria, pediu um romance, 

disseram pra encomendar.


Entrou no mercado, comprou comida, 

voltou cheia de sacolas.


Cozinhou, decorou a mesa, serviu. 

Sujou o fogão e  a pia, esses extremos de temperatura.


Passou por um espelho e não se viu; 

voltou, olhou de novo, cadê ela?


Foi quando a mulher amável descobriu 

que não  existia, era um mito.


A casa, a comida, a pia, existiam há anos sem ela. 

O amor, o romance, a estória, desses ela nunca fez parte.

A própria praça onde passou não sabia dela.


A maior ilusão do mundo é a mulher amável.

 

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Escrevo poesia desde criança mas nunca publiquei. 

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