sábado, 13 de fevereiro de 2021

Dedê Fatuma


 
Pesquisadora, artivista e escritora nossa convidada de hoje é Dedê Fatuma!

A relação com a música começa desde criança. Nasceu e cresceu no Bairro da Liberdade, ali iniciou seus primeiros passos com a percussão. Aos 18 anos, entra para a oficina musical
da escola de música da UFBA, e os solos percussivos foram se ampliando e seu batuque
ecoou pelas bandas Égregoras, Samba das Moças, Mambolada, e artistas como Peu
Meurray, Carlos Barros, Nara Couto e Mariella Santiago, em 2002 e 2003 realizou duas
turnês europeias, em 2010, fez sua primeira turnê no continente africano, Quênia/África.
É co-fundadora e integrante das bandas Panteras Negras e Verona’s, é percussionista das
Aya Bass protagonizado pelas cantoras Larissa Luz, Luedji luna e Xênia França. Há três
anos nasceu de suas entranhas o projeto “Tambor Poesia Preta” tendo uma poesia sua
na abertura do livro “O que é Interseccionalidade?” de Carla Akotirene, em 2018. Em
agosto de 2020 foi convidada para ser a escritora do livro “O que é Lesbiandade” publicado
pela Coleção Feminismos Plurais, coordenado pela filósofa Djamila Ribeiro.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Bilhete em Papel de Arroz numa Primavera Tardia: Retrados de uma cultura que MATA todo dia

 

“Quais são as tiranias que você engole dia após dia e tenta tomar para si, até adoecer e morrer por causa delas, ainda em silêncio?” Audre Lorde
.
BILHETE EM PAPEL DE ARROZ em uma primavera tardia
Retratos de uma cultura que MATA todo dia
.
uma performance liteiro-musical autobiográfica que colabora com o acolhimento da sexualidade feminina, transmutando sentimentos residuais de violências sofridas, visibilizando histórias silenciadas pelo patriarcado.
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Com participação especial de Dedê Fatuma, mulher preta, artivista, percussionista e poetisa.

Dia 13 fevereiro, as 21h, no Youtube.  
 
 
 

 

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Movimento

 

ser como o ar que brinca
na palha do coqueiro
no mastro d ‘um veleiro
que n’água nunca finca

As águas da emoção precisam de constante movimento, água parada cria lodo.
Águas em movimento cultivam novos caminhos, onde não há confronto nem embate.
Se o desafio é colossal, uma rocha intransponível, as águas aguardam seu tempo, acumulando
energia, nutrindo a terra do entorno. Até o momento  de transbordar da pedra, de seguir o fluxo

do rio que sempre desce para mar.

Sejamos nós também como águas em movimento que, ao se encontrar, se fortalecem!

A performance Bilhete em Papel de Arroz foi feita para romper o silêncio, para fortalecer e
exaltar a voz das mulheres, seja pela escrita, pelo canto ou pelo movimento.


Foto por @florarodriguezz

Arte por @paulaharumihonda


 


 

 

 Odoya, Mamãe!

Salgar a língua no mar
É se expor ao risco de experimentar

Experimentar o novo
Experimentar o erro
Experimentar a queda
Experimentar o gozo
Experimentar o riso

Vc já salgou a língua em 2021?

.
Foto:@florarodriguezz

 


IEMANJÁ É a grande-mãe dos mares e oceanos. De seios fartos e acolhedores, é considerada mãe dos orixás, de todos peixinhos, de todas estrelas e também da humanidade

Tive vergonha dos meus seios durante muito tempo, culto ao inatingível. Quando comecei a fazer as pazes com eles, engravidei. A relação mudou, e a sexualidade foi deslocada para outros lugares
A amamentação foi um capítulo inteiro de um lindo livro chamado AMOR. Muito importante a todo momento a rede de apoio e a paciência.
Após desmame, voltei pro velho desgosto. Feios, flácidos, ainda mais desiguais... e o amor próprio morando cada vez mais longe.

Ser fotografada nua foi uma completa reorganização do meu olhar, sob a tutela e a visão sensível e generosa de Flora Rodriguez!💜

Literalmente mudou tudo num click.

Antes mesmo de ver as fotos já me sentia outra pessoa,
mais envolvente, interessante, sensual.

Sobre o que aprendi...


 

Amor

com paixão 

Invade

 

Paixão 

com amor

Candura

 

Se amordaça

talha o fim

 

Se doa

Amor dura…


O amor que dura é lindo. Mas e quando o amor-daça? E quando há mordaça?  E quantas mordaças moram dentro de  você e silenciam a sua própria voz?

A performance Bilhete em Papel de Arroz foi feita para romper o silêncio, para fortalecer e exaltar a voz das mulheres, seja pela escrita, pelo canto ou pelo movimento.


Foto por @florarodriguezz

Arte por @paulaharumihonda


Ficha de Inscrição do Prêmio Ana Montenegro

 

 
 
IMPORTANTE!
VOCÊ JÁ LEU O REGULAMENTO?
Você Pode Acessar o REGULAMENTO através do link abaixo:
https://bilheteempapeldearroz.blogspot.com/2021/02/regulamento-do-premio-ana-montenegro.html

Em casos de dúvidas, escreva para
premioanamontenegro@gmail.com

PARA A FICHA DE INSCRIÇÃO ACESSE O LINK ABAIXO:
FICHA DE INSCRIÇÃO
 
 


Regulamento do Prêmio Ana Montenegro

 



1. O projeto

Bilhete em papel de arroz numa primavera tardia! - Homenagem a Ana Montenegro propõe a realização do Prêmio Ana Montenegro que irá selecionar, premiar e publicar 30 poemas em duas categorias. Serão 25 textos poéticos na categoria Iniciantes e 05 na categoria Autoras publicadas, cada prêmio no valor de R$ 300,00 (trezentos reais), totalizando R$ 9.000,00 (nove mil reais) entregues a poetisas da Bahia.

Esse projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal.


Ana Montenegro foi a primeira mulher exilada, no golpe de 64, e importante defensora dos direitos dos trabalhadores e do povo, em especial dos direitos das mulheres. Inspirado na vida dessa ativista, jornalista/militante/poetisa, o Prêmio Ana Montenegro busca incentivar mulheres, especialmente negras, indígenas, do interior do Estado, a falar, através da poesia, sobre as suas dores e lutas, ainda estigmatizadas socialmente. Colaborar com o processo de empoderamento das mulheres em sua diversidade, criar espaços de partilha, escuta e troca e visibilizar histórias silenciadas pelo patriarcado, pelo racismo, pelas LGBTFobias, pelo capacitismo e diversas outras formas de violência são algumas das intenções dessa premiação. A experiência de vida de Ana Montenegro nos revela a importância das vozes das mulheres e aqui se apresenta através de um Prêmio para contribuir com a preservação de sua história e memória.

Quebrar o pacto do silêncio, falar sobre a violência sofrida ainda é difícil. Isso porque, muitas vezes, estamos diante de agressores que estão em nosso convívio como pais, tios, avós, filhos, amigos e pessoas conhecidas. Mas essa realidade precisa ser alterada. Enquanto caminhamos nessa direção, uma das melhores formas de lidar com as feridas abertas pelos abusos é poder expressá-las de forma artística, seja dançando, pintando, cozinhando ou escrevendo. Na literatura, as histórias ganham força e a poesia se torna um caminho mágico capaz de dissipar as sensações de humilhação e impotência. É uma varinha de condão que encanta e alivia as dores tanto de quem escreve, quanto de quem lê. Transmuta os sentimentos residuais de situações de abuso e violência e, então, a ressignificação aflora. É por essas e outras razões que esse projeto e essa premiação acontecem.

Então, mulherada, vamos fazer ouvir a nossa voz?! Traz pra gente aquela poesia guardada na gaveta, na memória, no caderninho…

Vamos juntas escrever uma nova história!

 

2. Das inscrições

 

O Prêmio Ana Montenegro, no intuito de estimular as escritoras ainda anônimas e também valorizar as que já têm textos publicados, abre inscrições em duas categorias: 25 para Autoras Iniciantes e 05 para Autoras publicadas. Os critérios de inscrição e seleção serão aplicados para todas, concorrendo as escritoras apenas com outras da mesma categoria.

 

2.1 Quem pode se inscrever?

Mulheres cis e trans, maiores de 18 anos, baianas ou residentes no Estado há pelos menos 02 anos.

2.2 O que preciso informar para me inscrever? 

Nome completo

Email 

Número do documento do CPF ou passaporte (para estrangeiros) 

Dados completos do endereço onde reside (rua/avenida/travessa, bairro, complemento, cidade/distrito, cep)

Obs.: As autoras selecionadas terão que apresentar documento com foto para efetivar a sua premiação. Em caso de desconformidade entre as informações, caberá a eliminação do processo. Recursos judiciais não se aplicam nesse prêmio.

(     ) Eu declaro que todas as afirmações acima são verdadeiras, cabendo desclassificação em caso de falsas informações.

2.3  O que pode ser inscrito? 

Textos do gênero Poema, formato livre, construídos ou não sob regras de métrica e/ou rima. Não há distinção na seleção sobre esse aspecto, nem pontuação diferenciada. Seu poema deve girar em torno de um dos temas abaixo:

- Lutas e lutos 

- A maternidade real

- Sexualidades e Singularidades

- O mito da mulher amável

2.4 Como envio meu arquivo?

2.4.1. As inscrições serão realizadas através de formulário online (Google Forms) disponível no endereço https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeVoJ_ru9sJQFRZrhz49R0R-jmbWIcW1d7BVUMC9E72Hvbgug/viewform.

 2.4.2. O texto deve ter no máximo 720 caracteres com espaçamento, ser revisado e digitado na parte destinada para este fim, no formulário de inscrição do Google Forms.

2.4.3. É permitida apenas uma inscrição por CPF. Em caso de duas inscrições no mesmo CPF, será considerada apenas a primeira inscrição. 

Obs.: As candidatas se responsabilizam pela autoria, cabendo eliminação do concurso e consequências legais, em caso de plágio, de acordo com a lei 9.610/98 do Código Penal.

2.5 Período das inscrições

As inscrições começam dia 13 de fevereiro de 2021, com duração de 1 mês (até 13 de março de 2021) ou quando atingirem o total de 300 inscrições

 

3. Critérios de seleção

A seleção será feita com base num sistema de pontuação que contemplará aspectos objetivos e subjetivos, somando o total de 100 pontos.

3.1 Dos aspectos objetivos (50 pontos)

- Mulheres negras e indígenas –  15 pts

- Mulheres trans -   10 pts

- Mulheres com necessidades específicas (PcD e PNE) -  10 pts

- Residentes do interior da Bahia (cidades com até 50 mil habitantes) –   5 pts

- Residentes da zona rural -  10 pts

3.2 Dos aspectos textuais (50 pontos)

- Coerência linguística e gramatical do texto 10 pts

- Pertinência de elementos da linguagem poética 20 pts

- Vinculação da estrutura poética com o tema 20 pts 


4. Comissão avaliadora

Os textos serão avaliados por uma comissão curadora composta por integrantes do Projeto Oxe: Literatura Baiana Contemporânea, que ocorre no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), Campus Santo Amaro, desde 2014. O Projeto Oxe possui um portal na internet criado para disponibilizar um acervo, voltado principalmente para estudantes da educação básica, que possibilita acesso a textos literários de autores e autoras da Bahia, de gerações distintas e gêneros diversos. Além de ser um instrumento educacional, o site possibilita a circulação de textos literários em mídias e redes digitais. 
A Comissão Curadora é composta por Maria Aparecida Bradão, Eloíse Santiago, Lídia Souza, Lidiane Souza, Lívia Eduarda Oliveira e Gal Meirelles. 

Gal Meirelles, coordenadora do Projeto OXE é Graduada em Letras Vernáculas com Língua Estrangeira pela Universidade Federal da Bahia (1998); mestre em Letras e Linguística pela Universidade Federal da Bahia (2006) e doutora em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia (2011). Atualmente é docente do Instituto Federal da Bahia - IFBA, campus Santo Amaro, onde desenvolve atividades de pesquisa e extensão junto a comunidades da Baía de Todos os Santos e do Recôncavo, focando os seguintes temas: pesca artesanal, etnografia, oralidade, fotografia, identidade, cultura e educação. É pesquisadora do Centro de Estudos do Recôncavo (UEFS), onde desenvolve, juntamente com outros pesquisadores, atividades de extensão relacionadas ao patrimônio cultural da BTS e seu entorno.

 

5. Premiação

Serão 30 poemas premiados, 25 na categoria Autoras Iniciantes e 5 na categoria Autoras publicadas, no valor de R$ 300 para cada selecionada, totalizando R$ 9.000 entregues a poetisas da Bahia.

5.1. As selecionadas receberão um email de confirmação e deverão enviar os documentos necessários para a produção em até 10 dias úteis. O pagamento  será realizado até 30 dias úteis após a divulgação dos resultados.

5.2. O resultado será divulgado até dia 10 de abril de 2021 no blog bilheteempapeldearroz.blogspot.com 

 

6. Ações envolvidas e publicação

O prêmio Ana Montenegro contempla as seguintes etapas: 

1 encontro virtual para lançamento com performance lítero-musical autoral da artista Ana Luisa Barral e a convidada Dedê Fatuma; 

1 encontro virtual com a convidada Vânia Melo para divulgação dos textos selecionados; 

Criação de um blog com a história de Ana Montenegro, textos premiados com autoria e imagem das escritoras, além de escritos de outras mulheres que integram a produção desse projeto. 

Os 100 primeiros textos serão publicados no blog ao longo do ano de 2021. Apenas os 30 primeiros serão premiados e divulgados no blog, após o resultado no dia 10 de abril.

Atenção! Todos 30 poemas serão publicados no blog bilheteempapeldearroz.blogspot.com, criado para o projeto e acessível ao público em geral. 

 

7. O que te impedirá de ser selecionada

- Não preencher os critérios exigidos para inscrição e não enviar todos os documentos solicitados no tempo devido.

- Escrever texto com conteúdo de ódio, intolerâncias religiosas, discriminação étnica, qualquer discurso que ofenda os direitos humanos também elimina inscrição.

- Exceder a quantidade de palavras, aqueles caracteres determinados no regulamento (Total 720 caracteres, com espaçamento).

- Textos escritos em formato de acróstico ou com ilustrações não são aceitos.

Quem é Ana Montenegro?

 


Ana Lima Carmo, conhecida como Ana Montenegro  nasceu em 13 de abril de 1915 na cidade
de Quixeramobim, no interior do Ceará. Mas, como ela rotineiramente gostava de afirmar:
“sou cearense de nascimento, carioca de coração e baiana por escolha”. 
Ana Montenegro atuou na área do direito, foi ativa jornalista, desenvolveu intensa pesquisa 
histórica sobre os movimentos populares e suas lutas de contestação.
Ana Montenegro entrou para o Partido Comunista Brasileiro, no dia 02/07/1945, tendo sua ficha
de filiação assinada pelo próprio, Carlos Marighella.  Aprofundou sua participação nas lutas
político-sociais nas manifestações em apoio a uma ocupação que a população de trabalhadores
sem teto fizeram no bairro da Liberdade. Essa luta tornou-se um emblema pela moradia na Bahia
e ficou conhecida como a ocupação do “Corta-braço”, em 1947, posteriormente transformada em
bairro e chamado de Pero Vaz.  


Sendo também poetisa, escreveu em Berlim, no outono de 1969, quando aconteceu
o assassinato do seu amigo e camarada,
Carlos Marighella:


Em seu enterro não havia velas:

Como acendê-las, sem a luz do dia?

Em seu enterro não havia flores:

Onde colhê-las, nessa manhã fria?

Em seu enterro não havia povo:

Como encontrá-lo, nessa rua vazia?

Em seu enterro não havia gestos:

Parada inerte a minha mão jazia.

Em seu enterro não havia vozes:

Sob censura estavam as salmodias.

Mas luz, e flor, e povo, e canto
responderão “presente”, chegada
a primavera mesmo que tardia!

 

No período do intervalo democrático (1945/1964) Ana Montenegro exerceu uma intensa
atividade ideológica, atuando na imprensa comunista e em outros veículos. Publicou centenas
de artigos em jornais. Foi uma das fundadoras do jornal Momento Feminino.

Participou de instâncias políticas da luta feminista, a exemplo União Democrática de Mulheres
da Bahia, Comitê Feminino pró Democracia, Liga Feminina da Guanabara e a Federação
Brasileira de Mulheres, entidades com intensa presença de mulheres que participavam das
lutas político-sociais.

Com o golpe militar de 1964, Ana Montenegro teve que tomar o caminho do exílio,
tornando-se a primeira mulher exilada pela Ditadura.

Estabelecida na Alemanha, Ana Montenegro teve importante papel na organização das lutas
feministas e na imprensa que debatia essa questão: foi integrante da seção para
América Latina da Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIN), quando
trabalhou na revista dessa entidade: Mulheres do Mundo Inteiro. Também trabalhou em
organismos internacionais como a ONU e a UNESCO,

Após a derrota da ditadura, Ana Montenegro avançou na luta político-social, atuou no
combate ao racismo e aprofundou o debate sobre a questão de gênero.

Publicou os livros: Mulheres – participação nas lutas populares;  Uma história de lutas;
Ser ou não ser feminista e Tempos de Exílio.

Ana Montenegro foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz em 2005 e, no dia 30 de março de 2006, 
faleceu de causas naturais. Em seu enterro: o povo, as mulheres simples, o mundo político e
intelectual e seus camaradas encheram o salão para um ato político da mais bela homenagem.
Seu caixão ao baixar para a cremação estava coberto com a bandeira vermelha, marcada com
a foice e o martelo da luta das trabalhadoras do campo e da cidade, foi enterrada na terra que
escolheu como sua: Salvador. 

Ana Montenegro, presente!


Portifólio da Artista Ana Luisa Barral