Abstrata
Se não levanto, meus pés furados
para mostrar cicatrizes
deixo de ser
andarilha?
Quem disse
que as palavras de minha
boca "feminina"
não branca
não podem ser
brandas internas,
fantasiadas?
Se a minha poesia
por acaso
não tocar na casca ,
na brasa
de minha pele queimada
de minha flor deflorada
ela não tem valia?
Me desculpe,
mas não falo
quando você quer.
No meu abstrato
me orgulho
de não ser mais um:
não sou mais um homem
branco lírico, poeta,
falocêntrico
de mil sentidos que só ele
sente ainda bem...
Mas, nem ouse presumir
que a minha poesia
vai ser resumir
ao tato
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Me chamo Naiane Miranda, sou baiana e negra que cresceu sendo chamada de
morena e demorou a se perceber como pertencente ao grupo, mesmo
sofrendo com o racismo velado de nossa sociedade.
Filha de pais separados de um casamento conflituoso e violento, minha
trajetória e vivências é muito inspirada em valores como a busca por
educação e pela arte de cada um.
Fui muito estimulada pela minha mãe, que lutou sozinha para sustentar
seus três filhos, vencendo muitas opressões ocasionadas pelo
patriarcado, pela pobreza e a desigualdade social.
Escrevo poesia desde criança e atualmente também tenho explorado outras
escritas, como a de contos de horror, e expressões artísticas, como a
ilustração digital e a dança.
parabens a poeta Naiane Miranda,pela escrita e pela consciência.
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