DENGUINHO
para C.
o toque ameno das mãos,
o torso molhado, molhado:
imagem e semelhança do meu.
se não a vejo, no tato a
reconheço: água sobre água
coxas, peitos, barriga, buceta
[e toda ancestralidade me reconhece
quando ela me chama: preta]
nós duas
a verdadeira imagem e
semelhança de deus.
[e o amor responde: preta]
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Sou estudante de Letras na UFBA, tenho 27 anos, sou poeta e autora do livro Girassóis estendidos na chuva.
A poesia chegou pra mim muito antes da palavra. Os silêncios e silenciamentos, os medos, as violências, chegaram para mim depois da poesia. Chegaram com o contato com o mundo. As palavras vieram para mim como recurso para transitar no meio de todas essas coisas – sejam elas boas ou ruins. Vieram para ensinar às minhas mãos e ao meu corpo linguagens estratégicas. E essa consciência eu só começo a ter agora após passar por um longo processo de compreensão do meu próprio corpo e de como ele se coloca nos espaços.
Hoje percebo que meus caminhos com a literatura não se encerram e muito menos se fincam apenas na palavra.
Meu corpo está em um fluxo de movimentos e atravessamentos que também constroem a minha trajetória enquanto poeta. Escrever é estar em contato constante com a leitura e consequentemente com inúmeras formas de movimentos dentro e fora do cenário literário. Os meus textos conversam com os textos e as escritas de outras mulheres, assim como meu corpo.
parabens pelo poema verdadeiro.
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