sábado, 15 de maio de 2021

Keilinha

 


Nem olhos
verdes nem
pele clara.

Eu sou a preta que não 

passa pelo gargalo do 

racismo


Ka, Ka... cabelo?

Crespo, rústico, desses que só 

serve bem baixinho

arrumadinho pra não armar.,

Em infindas negações, tento

desembaraçar. Confesso, é embaraçoso.


Quantas horas no espelho penteando?


Quantas vezes na semana me negando? 


Desgosto. 

 

A mim mesma

causo tamanho desconforto


Horas a fio,

entupindo de fios 

soltos os ralos do 

racismo

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Há dias que brilho e dias que holofotes me ofuscam, e num desses oscilar de sentires gritei urgentemente pro papel quão desafiador é sustentar meu ventre preto- amor-dor nesse mundo, pois querides, me permitam dizer que a mama África aqui sabe da potência que é, mas certos momentos não se basta de viver tanta negação. 

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