Eu sangro
Já me cortaram de tantas formas que
para parece nem mais doer
mas cada corte mata!
em cada corpo preto, mata!
Meu ódio chora o sangue que é meu sem ser...
Eu, que sangro todo mês
Eu, que sou tantas em tantas dores
Eu, que sou preta em tantas cores
E você, que minimiza a violência e a dor
que me escorre das pernas
do ventre
do peito...
Você,
que não ouviu o _"aviso da lua que menstrua"_
Há um furacão se formando
A mata tá dançando
O ferro tá esquentando O
fogo que arde
são os olhos da preta se armando
Não se proteja
Porque onde quer que esteja,
Meu raio vai te secar.
---------------------------
Sou uma mulher preta cis, mãe solo, lésbica, candomblecista, professora de história, doutoranda em História Social na UFRRJ. Vivo no interior da Bahia e sou professora substituta na UNEB. Sou mãe de uma criança de 11 anos e aos 37 assumi minha sexualidade, depois de anos de dores e violências silenciosas no ambiente doméstico. Escrever poesia é meu grito e minha liberdade. Escrevo para desaguar e enfrentar monstros e medos. A poesia é meu refúgio e fortaleza, minha conexão ancestral com as vozes das minhas e meus que foram silenciadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário