sábado, 15 de maio de 2021

Janine da Silva

 

 


 

Quem dera querer apenas o essencial,

sem besteiras,

deitar sobre a 
mandíbula
olhando sem olhos

o céu sem estrelas


Quem dera
permanecer apenas
intacta

macia e
rosada sem
cortes sem
marcas


Quem dera pudesse, eu
remoer certos
bolos
desfrutar mais uns
gostos
deslamber,
cuspir outros


Mas não sou de boca
qualquer que sequer
sabe o que prova. Eu sinto o
frio da colher

como o carinho que me toca.


Eu sinto histórias nas gengivas.

Sinto incontáveis salivas.

O sabor de paixões 

derretidas com minhas 

papilas gustativas.


Arte Glossal num Percurso de Língua

 

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Tenho de 19 anos, nasci e cresço numa pequena comunidade no município de Itiúba, na Bahia. Em meio às dificuldades da vida, encontro na escrita a liberdade para me expressar, desde as dores às belezas de ser mulher, e o que mais me fizer sentir e me inspirar. A poesia é pra mim, sobretudo, um poder de organização para uma mente confusa, insegura, mas com sonho de se conhecer e se permitir. Embora sendo algo muito íntimo, como um momento comigo mesma, acredito que desabafos e empatia salvam, assim, a arte é mais bonita quando compartilhada. 

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