"de hoje a oito"
Dia dela,
corpo ferve;
casa aprisiona
e sou desejo de rua
imunda de gente.
Toda quarta-vermelha
sou fome desembestada:
boca sedenta.
Tenho pelos eriçados
e mão sinuosa
acariciando vulva
macia e quente.
Semana rasgada ao
meio,
só resta sentido
em me deixar guiar
pelos ventos de
Oyá.
Bicos de
peitos.
Olhos
vidrados.
E assim,
noite-dia,
corre
solto riacho
que sou entre pernas.
É que quarta-feira
bate forte feito
baque
de trovão
em mim.
Nela, viro assombro:
vejo raio e vou me banhar
de chuva no mar.
Dançar na tempestade.
Dançar a tempestade.
Ser a tempestade.
Fechar os olhos
e ser
prazer.
Gozar junto
e deixar ser
sem medo qualquer.
Se assim não for, enlouqueço.
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Sou artista das linguagens do corpo e do som. Ao longo da vida,
encontrei nas palavras um modo de expressividade das minhas
singularidades e vivências mais íntimas. Escrever poemas e prosas
poéticas se fez então modo de partilha sensível do meu olhar sobre
perspectivas de ser mulher cabôca, negrindígena e bissexual
lesbocentrada no sec. XXI. Parte desta produção partilho em
www.alzemarrudalecrim.blogspot.com
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