Meu poema nasce crespo
cria palavras e cresce para cima.
Ouriço versos para olhares tortos.
Há tempos, piso em ruas íngremes
e não perdi os pés.
Deixei que brotassem luas para estender os dias.
A minha fronte anoiteceu no céu da boca
E, ao debater o corpo, delirei os poros.
Palavras ditas ontem, assentam
em camadas mais finas
Enquanto não deixo o terreno limpo,
uso água, folhas e canto para varrer as pedras
Verso o que escorre entre os dedos numa linha
Meu poema nasce crespo, desobedece as rimas e
não engole o que arde todos os dias
Tenho despertado para o estomago das palavras
Entre as bordas do corpo e o próximo passo, deixo o
cabelo crescer
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Eu sou Carla Maria Barbosa Dantas e o meu encontro com a poesia tem algumas nascentes. A educação, o Yoga, a vida e a palavra. Sou educadora e o meu trabalho com as crianças me possibilita viver a cada ano, com um novo grupo, um ato experiencial de educação. Um espaço onde a palavra tem corpo e se torna viva à medida que eu me torno com todas as linguagens, uma professora que desemboca para outras nascentes. As crianças e eu somos rio e a palavra assim como as matas ciliares nos deixa correr sem erosão e com poesia. Para mim a poesia é um ato corajoso. Um lugar de exposição, decantação, umidade, despedaços, tremores e urgências. De uma palavra solta, a página incandesce e não volta ao mesmo lugar. Assim é o corpo que escreve. Comecei a escrever em 2012 e nessa relação incorporada com a palavra, a poesia foi uma urgência e quando o mundo se despedaçou em poesia, permiti que as linhas das mãos soltassem a vida.
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